debatedores Caterina Koltai, José Luiz Cordeiro Dias Tavares e Priscila Simeão Silva Maduro

programa
A resistência pensada em sua imbricação com a literatura é um mecanismo constitutivo de fraturas nas quais incide um movimento de deslocamento que possibilita a criação do novo, rompendo pensamentos e significações estanques. As narrativas literárias que resistem não só – ou não principalmente – pelo tema, mas pela escrita, o fazem arquitetando tensões em sua estrutura escritural, inscrevendo-as em suas instâncias narrativas. É nessas narrativas de resistência pela forma que se instaura uma cisão que marca a relação do eu com o mundo, resistindo a uma ordem estabelecida. Sob o prisma da Psicanálise, o tema da literatura de testemunho nos coloca perante a questão do trauma individual e histórico sendo que esse é uma ferida irreversível não só para o sobrevivente como para toda a sociedade que permitiu o desmoronamento da crença legítima de um pacto identificatório em seu seio. O testemunho é ambíguo, pois conjuga o olhar do sujeito sobre sua vida e o relato do acontecimento que o constitui enquanto testemunha. Ao mesmo tempo, é confissão e reflexão sobre o passado. O grosso da literatura de testemunho disponível é a do holocausto e dos crimes estalinistas. Aqui vamos abordar o livro de Toni Morrison, “Beloved”, que embora não seja considerado literatura de testemunho, pode ser lido como um testemunho da escravidão, já que a autora fala da destruição dos seus e de si própria trabalhando magistralmente aquilo que funda o laço social indissolúvel entre o lugar de cada um e o conjunto, sua pertinência ao humano.

horário | 19h às 21h

dirigido
a psicólogos, psiquiatras, psicanalistas, estudantes, profissionais das áreas da saúde e interessados nas relações entre Literatura e Psicanálise